Um grupo de astrônomos identificou um buraco negro gigante -
o segundo mais pesado já observado da Terra - em uma galáxia menor até do que
as que costumam abrigar formações desse tipo, bastante modestas.
A galáxia NGC 1277, tem só um quarto do tamanho da Via
Láctea, onde fica a Terra. No entanto, ele abriga um buraco negro 4.000 vezes
maior do que a formação que se localiza no centro da Via Láctea - o buraco
negro conhecido como Sagitário A
Além disso, tem uma massa cerca de 17 bilhões de vezes maior
que a do nosso sol.
A descoberta contradiz os atuais modelos de crescimento dos
buracos negros, que sustentam que eles evoluem juntamente com as galáxias em
que se encontram.
Medir a massa de buracos negros é um processo complicado.
Para fazer isso, os astrônomos observam sua "esfera de influência" -
ou os efeitos gravitacionais que eles provocam nas nuvens de gás e nas estrelas
que estão a sua volta.
No caso do Sagitário A, a massa é calculada com base na
identificação de estrelas individuais. Mas para os mais de 100 buracos negros
que já foram observados em outras galáxias, é feito uma estimativa aproximada a
partir da velocidade de "dispersão" das estrelas que estão em suas imediações.
As observações do buraco negro da NGC 1277 foram feitas pelo
telescópio Hobby-Eberly, localizado no estado americano do Texas, como parte de
um projeto no qual estão sendo observadas 900 galáxias.
O astrônomo Remco van den Bosch e seus colegas ficaram
surpresos ao se dar conta que grandes buracos negros poderiam ser encontrados
em pequenas galáxias.
Formações densas
Os buracos negros são formações extremamente densas e com
uma força gravitacional fortíssima que atrai e "engole" até a luz que
está a seu redor.
Um "buraco negro médio" poderia ter uma massa
equivalente a 1.000 sóis, mas ser menor que a terra.
Acredita-se que haja uma dessas formações no centro de todas
as grandes galáxias.
A galáxia NGC 1277 está a 220 milhões de anos-luz de
distância da Terra, mas aparece nas imagens de alta resolução feitas pelo
telescópio Hubble.
"Em geral fazemos um modelo da galáxia (que estamos
estudando) e calculamos todas as órbitas possíveis das estrelas (que pertencem
a ela)", explicou Van den Bosch à BBC. "É como montar um
quebra-cabeça, analisamos essas órbitas (possíveis) para tentar reproduzir uma
galáxia que tem as mesmas velocidades estelares que medimos (com ajuda do
telescópio)."
Com tais cálculos, a equipe descobriu que o buraco negro da
NGC 1277 era tão grande quanto o nosso Sistema Solar e concentrava cerca de 14%
da massa de sua galáxia.
"Essa é a única maneira em que você poderia ter esse
padrão de dispersão das estrelas: com um buraco negro muito grande (no centro
da galáxia NGC 1277)", disse Van den Bosch.
A equipe também observou outras cinco galáxias pequenas que
também poderiam ter buracos negros gigantes em seu centro.
A observação da NGC 1277 poderia ajudar os astrônomos a
entenderem como os buracos negros evoluem.
"Essa galáxia parece ser muito antiga", disse o
Van den Bosch. "De alguma forma, seu buraco negro cresceu rapidamente há
muito tempo, mas desde então está estabilizado, sem formar mais estrelas."
"Estamos tentando descobrir como isso acontece. Ainda
não temos resposta para esse problema, mas é isso que é interessante",
completou o astrônomo.
FONTE: BBC BRASIL.