Nerea González. Buenos Aires, 4 out (EFE).
A Prefeitura da cidade argentina de Rosário foi palco
recentemente de um fórum no qual não se debateram leis nem orçamentos: os óvnis
protagonizaram uma audiência pública com o objetivo de abrir caminho para que
estes fenômenos de ficção científica sejam matéria de ciência real.
Para que os objetos de natureza desconhecida que o céu
argentino esconde possam ser investigados é necessário, primeiro, que a
informação que as autoridades possuem sobre eles seja desclassificada e posta à
disposição de todos os cidadãos.
A Comissão de Estudos do Fenômeno Óvni da República
Argentina (Cefora), que patrocinou o debate em Rosário (província de Santa Fé),
reivindica desde sua criação no ano de 2009 a desclassificação dos relatórios
aeroespaciais em virtude do direito à informação que todos os cidadãos têm.
"O que queremos é estudar os fenômenos aéreos anormais, não queremos nos
circunscrever ao que as pessoas normalmente chamam de óvnis e relaciona com
naves e vida extraterrestre", especificou em declarações à Agência Efe
Raúl Avellaneda, membro fundador da Cefora.
Esta comissão quer reunir forças com o público para
"conseguir entre toda a desclassificação dos arquivos óvni que estão em
poder das organizações governamentais", explicou Avellaneda.
A de Rosário
é a primeira audiência deste tipo realizada na Argentina, e nela houve espaço
para os especialistas e pesquisadores, mas, sobretudo para a participação do
cidadão comum.
"O que estamos pedindo é a desclassificação de todos os
fenômenos anômalos. Todos temos a necessidade de saber o que é que está
violando nosso espaço aéreo", disse o membro da Cefora.
"É importante,
sobretudo porque os cidadãos precisam conhecer a verdade, não o fenômeno óvni
em si, nem se trata de algo que justifique uma atividade extraterrestre",
acrescentou Avellaneda.
Há mais de 20 de países no mundo todo que já apostaram na
desclassificação deste tipo de arquivos. Entre eles o Brasil, mas também
Estados Unidos, Espanha e França estão na lista de países que divulgaram
informação sobre este tipo de casos.
Em outros como Chile e Uruguai existem inclusive comissões
específicas que estudam estes fenômenos, por isso que a Cefora tenta fazer com
que a Argentina "não fique atrás".
A meta final da associação consiste
em reunir um total de 100 mil assinaturas e o aval de um congressista para
poder apresentar um projeto de declaração na Câmara dos Deputados argentina.
A organização planeja apresentar já em 2014 aos membros da
Legislatura dois relatórios com fenômenos e testemunhos analisados por
especialistas.
Por enquanto, em Rosário, cidade que declarou esta atividade
de interesse municipal, fez-se uma apresentação de casos e se divulgou o
trabalho da Comissão de Estudos do Fenômeno Óvni no fórum em questão.
Fatos anômalos desconhecidos foram expostos neste debate e,
além disso, se apresentou documentação inédita de casos considerados
"emblemáticos".
Avellaneda destacou como exemplo uma foto de um óvni do ano
de 1963, capturada por um membro das Forças Aéreas argentinas na província de
Córdoba.
Também se estudou um relatório da Gendarmaria que é o
primeiro expediente desclassificado sobre um acontecimento anômalo ocorrido nos
anos 70 sobre o céu de Campo de Mayo, na província de Buenos Aires.
Os óvnis argentinos vão continuar sendo, por enquanto, mais
material de ficção científica para boa parte da opinião pública, embora talvez
em Rosário tenha se iniciado o caminho para conseguir que os mitos e
preconceitos abram passagem para o estudo baseado em fatos e dados. EFE ngp/ma.