A sanitarista e psiquiatra
Wellaide Cecim, de 58 anos, tinha acabado de se formar em Medicina quando, em
1977, aos 22 anos, foi trabalhar na Ilha de Colares, no Pará. Cética, não deu
atenção aos primeiros relatos de moradores sobre visita de naves espaciais. A
descrença deu lugar à curiosidade quando percebeu que a cidade estava se
esvaziando e a Aeronáutica mandou pelotão para apurar o caso - mais tarde
chamado de Operação Pratos, em alusão à forma das naves.
Como foi seu primeiro contato com
a ufologia? Aos 22 anos, achava que quem dizia que via marciano era doido. Foi
então que começaram a passar pelo hospital várias pessoas da área rural que
diziam ter visto disco voador.
Por que mudou de ideia? Na
primeira vez, você desconfia. Na segunda e na terceira, também. Mas eram muitos
casos. Comecei a pensar: como os relatos podem ser tão idênticos e virem de
pessoas que não se conhecem?
A senhora notou algum sinal
estranho nessas pessoas? Essas pessoas que diziam ter encontrado ETs tinham
queimaduras na região do pescoço e tórax e, em menos de duas horas,
apresentavam necrose.
Experimenta queimar seu dedo. Só vai necrosar um dia
depois. E essa queimação deixava as pessoas enfraquecidas. Todas tinham a mesma
história, diziam que acordavam com uma luz paralisante em cima delas.
Como a Aeronáutica entrou na
história? Chegou uma hora em que só tinha eu, o prefeito e o padre na cidade.
As pessoas estavam em pânico, indo embora. Os avistamentos eram diários. Foi aí
que o prefeito procurou a Aeronáutica. Mandaram 33 militares.
A senhora chegou a ver naves?
Sim, várias vezes. Eram redondas, como um prato. E dava até pra ver que tinha
alguém dentro, pela silhueta.
O que essa experiência mudou na
sua vida? Se alguém disser que passou por uma coisa dessas e voltou a ser o que
era está mentindo. Você muda seus conceitos. Eu mesma não acreditava. Fui
ridicularizada por amigos, recebi vários repórteres que me perguntavam coisas
em tom de deboche. Passei a pesquisar o assunto, mas nunca fiz disso meu
ganha-pão.
Depois, acho que fiquei bem mais simples, bem mais pé no chão, mais
introspectiva e passei a me achar um nada no universo. / T.D.
Fonte: O Estado de S.Paulo