O meteoroide que explodiu sobre o céu da Rússia, ferindo
mais de mil pessoas, sofreu intensas colisões no espaço antes de atingir a
região de Tchelyabinsk, mostra novo estudo de análises dos fragmentos colhidos
em fevereiro passado.
O estudo do Instituto de Geologia e Mineralogia de
Novosibirsk, da Rússia, tinha revelado anteriormente que a rocha sofreu um
"processo de fusão intensa" antes de cair na Terra, mas o grupo não
soube precisar se era devido à trajetória próxima ao Sol ou por conta de um
choque com outro corpo celeste, como um asteroide ou até um planeta.
Agora, o físico Tomas Kohout, da Universidade de Helnsink,
na Finlândia, afirma que a coloração dos fragmentos aponta não só a fusão da
rocha, mas também que ela sofreu impactos cósmicos, inclusive mais fortes do
que o choque na entrada da atmosfera terrestre - dados da rede mundial de
infrassom, que monitora teste de armas nucleares, mostraram que o evento
liberou centenas de kilotons de energia.
Enquanto algumas rochas apresentam um brilho mais
acizentado, sinal de que sofreu poucas ou leves batidas na sua trajetória
cósmica, outras contêm traços de violentos impactos e fusão, chegando a ficar
bastante escurecidas. Isso ocorre, segundo Kohout, porque o ferro fundido
preencheu as pequenas fissuras dentro dos grãos de minerais de silicato,
deixando-os mais escuros.
Os pedaços pretos do meteorito são, portanto, resultado da
"carga de alta pressão suficiente para esmagar completamente os grãos
minerais e derreter o material metálico", anunciou o especialista durante
a conferência anual da Divisão da Sociedade Astronômica Americana para Ciências
Planetárias, realizada em Denver, no Colorado, nesta semana.
"O espectro e a composição [das rochas] são mascarados
por antigas colisões espaciais. Existem muitos asteroides escuros com espectros
insignificantes em nosso Sistema Solar. Algumas pessoas podem achar que eles
são feitos de rochas ricas em carbono e matéria orgânica, mas o estudo mostra
que eles podem resultar de uma pancada que aquece e escurece os condritos,
semelhantes aos do meteoro russo."
O meteorito que caiu nos Montes Urais é composto, em sua
maior parte, de mineral de silicatos, como olivina e ortopiroxênio - assim como
a maioria dos corpos celestes que atingem a Terra -, sulfureto de ferro, níquel
e, em menor medida, cromo, clinopiroxênio e plagioclásio.